O coração é uma cúpula — escadaria
(transparência acumulada).
A cúpula abraçada por quatro pernas
(escada como uma romã espalhada).
As pernas — colunas
(nada mais são que movimento)
arqueadas, e lisas.
Não há vencedor que não seja o beijo
— dizem-me —
beijo do vinho inocente
onde bebemos até à ebriedade
e comemos incessantemente o seu maná.
Num ponto não distante do seu zénite
há a eternidade,
a escadaria colorida de grená
caça os seus beijos com redes de pernas alongadas
e um escandaloso latido.
Há também o meu labirinto-rosto
onde voam as gazelas
e os tordos dormem docemente.
No meu labirinto,
— e em cada bocado —
as rosas com cabeça de Húris
dominam os bicos dos meus fios alaranjados.
Afinal de contas, depois de tudo,
quem procura janelas abertas?