PRÉMIO CAMÕES 2019
Talvez o romance mais pessoal de Chico Buarque, em que o autor
procura saber mais sobre um irmão desconhecido.
Uma narrativa em que ficção e realidade se entrecruzam.
Plano Nacional de Leitura
Literatura - 15-18 anos - maiores de 18 anos
Aos 22 anos, Chico Buarque descobriu que tinha um irmão alemão.
Sergio Buarque de Holanda, reputado historiador e crítico literário, pai de Chico, vivera na Alemanha entre 1929 e 1930, enquanto correspondente de um jornal. A efervescente Berlim dos anos 30 serviu de cenário a um romance com uma mulher alemã, de quem teve um filho que nunca chegou a conhecer. Chamava-se Sergio Ernst.
Quase cinco décadas depois da descoberta, Chico Buarque decidiu fazer da existência desse irmão - e do silêncio em torno dele - a matéria do seu próximo romance. Mas antes precisava de saber exactamente o que lhe acontecera.
Dessa busca nasce este romance. Magistralmente conduzida por um narrador obsessivo, delirante, megalómano e profundamente solitário sem o querer ser, a narrativa enreda o leitor numa trama em que realidade e devaneio se confundem permanentemente. A páginas tantas, a busca de narrador e autor passa a pertencer igualmente ao leitor, também ele desesperadamente procurando esse irmão desconhecido.
«E eu que nunca morri de amores por aquele irmão, eu que o teria trocado por um irmão alemão sem pestanejar, passei a me inquietar com a ameaça de ficar sem irmão nenhum.»
Os elogios da crítica:
«Chico Buarque escreveu, provavelmente, o romance da sua vida.»
Fernando de Barros e Silva
«Como uma dobradiça, o romance se desdobra em duas chapas de tamanho e forma semelhante - ora encaixado em fatos, nomes e documentos que prometem o real, ora erguido sobre as sombras não menos verdadeiras da imaginação. (...) Fantasmas - visões - se espalham pelas páginas. O que confere à literatura o caráter vital, ainda que assombrado, de máquina propagadora da realidade.»
José Castello, O Globo
«Como nos livros anteriores, encontram-se aqui qualidades do Chico Buarque escritor. Não há nenhuma palavra mal escolhida, nenhuma frase fora do ritmo,nenhum parágrafo a que falte estrutura ou concatenação, nenhum capítulo que não acabe no momento certo.»
Marcelo Coelho, Folha de S. Paulo
«O que mais me encanta neste livro não é bem a história, convincente e bem levada, mas a maneira como Chico a conta. (...) Mais do que contar uma história, articulando enredo e personagens, ele me parece comprazer-se na aventura de estar escrevendo, embarcado, para além da preocupação com gêneros literários, numa viagem pelo reino das palavras, cada uma delas meticulosamente garimpada e encastoada no texto.»
Humberto Werneck, Estadão