A obra que se apresenta pretende ser um contributo relativamente ao tempo dos três primeiros reis de Portugal. Procurou-se que resultasse a vários níveis, tendo em atenção quer o carácter e o âmbito do tema, quer, ainda, o da própria colecção em que se insere. Assim, condensaram-se os aspectos militares e políticos, quer pela cronologia a considerar —cerca de um século de história, o primeiro da história de Portugal—, quer porque, por regra, são eles os mais focados em qualquer análise e narrativa historiográficas. Por isso, fizemos incidir a nossa atenção sobre os aspectos tidos por fundamentais na eclosão e na afirmação do rei e do reino, bem como apenas nos detivemos sobre os principais ou mais significativos momentos da expansão territorial, alcançada na luta contra os muçulmanos.
E, sendo assim, a obra ganhou em espaço e cuidado relativamente a aspectos menos comuns na historiografia, sobretudo se se tiver em atenção conjunta o rei e a sua corte. Desdobrámos o nosso interesse por temáticas que nos fazem ressurgir o rei na sua pessoa, no seio da sua família e no entorno do seu séquito. Ultrapassámos o que este tinha de administrativo, ainda aqui ao serviço do rei e do reino, para buscarmos uma galeria de reis e rainhas, infantes e infantas, conselheiros e servidores. Percebemos como aqueles foram os chefes, forças aglutinadoras de homens e projectos, as rainhas elemento fundamental no porvir do reino, os infantes e infantas, quando chegados à idade adulta, preciosos elementos de aliança, propaganda e valorização do reino no concerto da cristandade de então. Como personagens de vida, necessitavam de um cenário, feito do palco onde se desenrolou o seu viver. E porque o do rei era incerto, procurámos os itinerários, as vias e os caminhos, os paços. No desenrolar da vida, tecemos o que, de melhor, as fontes nos oferecem sobre a mesa, a moda, as distrações e a cultura da corte dos primeiros reis de Portugal.