«Número? A‑4116. (…)
Profissão? Eletricista.
O quê? Eletricista? Isso é verdade?
Sim.
Tu sabes puxar fios e essas coisas?
Sim.»
Em frente do terrível Dr. Josef Mengele, na fila de seleção de Auschwitz, Franci Rabinek, tentando desviar os olhos do médico da cicatriz que tem na barriga, da operação ao apêndice, mentiu. Uma mentira que lhe salvou a vida. As pessoas com cicatrizes tinham como destino as chaminés. Não era
totalmente mentira, o pai, engenheiro eletrotécnico, sempre a encorajara a consertar ligações de fios defeituosas ou eletrodomésticos em casa….
No verão de 1942, Franci Rabinek, de vinte e dois anos, foi deportada com o marido e os pais para Terezín, o campo de concentração a norte de Praga. A primeira etapa de uma viagem de três anos, que passaria pelo inferno de Auschwitz-Birkenau, seguindo-se o campo de trabalhos forçados em Hamburgo e por fim Bergen-Belsen. Regressou a Praga, em abril de 1945, depois da libertação pela mão dos britânicos.
Conhecida como a estilista de Praga, Franci Rabinek traz-nos nestas suas memórias um relato honesto, cândido e por vezes bem-humorado destes anos sombrios, vividos com as outras prisioneiras do seu círculo de amigos.
Uma jornada de vida e de morte, de luta e superação. O testemunho poderoso de uma jovem determinada a sobreviver aos horrores do Holocausto.