A obra-prima de uma escritora de culto, tão enigmática quanto fascinante.
Prémio Bagutta | Prémio Speciale Rapallo
Prémio Boccaccio Europa | Prémio John Florio
UM DOS MELHORES LIVROS DO ANO 2023: Público e Expresso
«Passaram tantos anos, e ainda torno a ver o seu rosto, um rosto que busquei noutras mulheres, que nunca encontrei. Era muito íntegra. Uma coisa perigosa. […] Nunca demos a mão. E tê-lo-íamos achado ridículo. Viam-se pelos caminhos rapariguinhas de mão dada, a rirem-se, a ‘fazerem de amigas’, a fazerem de amantes. Em nós, havia uma espécie de fanatismo que impedia qualquer efusão física.»
Felizes anos de castigo conta a história de uma rapariga à procura de si mesma, num colégio interno suíço, nos anos 1950. Respira-se aqui uma atmosfera densa de cativeiro, sensualidade inconfessada e alienação. A protagonista é uma rapariga incomum, que se deixa fascinar por uma outra, bela, sofisticada e inteligente. Entre elas nasce uma relação ambígua, de luz e sombra. Num estilo límpido mas pleno de frémito, Fleur Jaeggy faz reverberar nesta narrativa a corda secreta de um mundo apartado da realidade, onde se vê, numa voragem, «a vida passar pelas janelas».
Felizes anos de castigo pertence a uma linha do tempo mais indefinida do que a época ou as pessoas que retrata: desenrola-se na memória, essa espécie de século à parte dos outros.
«Uma escritora magnífica, brilhante, selvagem.» Susan Sontag
«A caneta de Fleur Jaeggy é como a agulha de um entalhador a desenhar as raízes, os galhos e os braços da árvore da loucura — uma prosa extraordinária. Tempo de leitura: quatro horas. Tempo de recordação: a vida inteira.» Joseph Brodsky
«Fleur Jaeggy possui o invejável dom do olhar inaugural sobre as pessoas e as coisas, entretecendo uma mistura de frivolidade circunstancial e sabedoria autoritária.»
Ingeborg Bachmann
«Ler Jaeggy é parecido com mergulharmos nus num roseiral negro, de tal modo ficamosperplexos perante tamanha beleza: é um gesto veloz e espinhoso, e emergimos do lado de lá cobertos de sangue.»
Paris Review
«Uma escrita de pequena escala, intensa, impecavelmente incisiva.»
New Yorker
«Os livros de Jaeggy são muitas vezes barrocos, mas lançam um estranho feitiço e fazem com que os leitores se lembrem deles, sobretudo, como austeros.»
New York Review of Books
«Da discretíssima e notabilíssima Fleur Jaeggy, uma breve narrativa autobiográfica em registo sfumato, ainda que vívido. Intensidade emocional e linguística equivalem-se. E o texto, melancólico, distante, procura o diferente, o irremediável e o bravio, seja o enigma erótico da inteligência, o ubi sunt que evoca colegas que nunca mais vimos, ou o desaforo com que se escolhe irrevogavelmente alguém, como uma jovem abastada que beija o seu cavalo.»
Pedro Mexia, Expresso
«Felizes anos de castigo [é] autobiografia tornada ficção mais por via da linguagem do que das personagens ou dos factos. Em personagens e em factos, há uma inspiração, ou mesmo existência, que a memória, já de si ficção, tenta recuperar, sublinhando o que a autora considera um fundamento: a solidão, o silêncio, a marca de um passado traduzido por imagens, quase um espectro que a persegue. É única, perversa, fantasmal, uma escrita que Jaeggy quer tornar mística.»
Isabel Lucas, Público
«É na delicadeza do olhar que Felizes anos de castigo triunfa tão completamente.»
Ana Bárbara Pedrosa, Observador