A história crua de uma relação tóxica.
Uma narrativa que não deixa pedra sobre pedra nos pilares da resiliência de uma criança subjugada ao negro poder do seu padrasto.
Leme é o relato da vivência de uma rapariga que assiste, durante anos, à erosão dos pilares que sustentam as ligações humanas: vê a mãe subjugada à violência do homem com quem mantém uma relação amorosa disfuncional; vive na pele a distorção dos papéis desempenhados por pais e filhos; alimenta-se da solidão para ultrapassar um quotidiano de medo e fúria; disputa um lugar só para si no meio do caos familiar; aprende a reconhecer o consolo das pequenas vitórias; e, por fim, reconstrói-se a si e às suas memórias.
Nenhuma criança conhece de antemão os nomes das coisas, mas todas as crianças reconhecem instintivamente o perigo. Para a protagonista desta história, o perigo tem o nome de um homem, e é sinónimo de obsessão, desequilíbrio, solidão, desamparo, poucas certezas e muitas dúvidas. Leme é um golpe de escrita para regressar à vida. Uma cintilação plena de vida e um soco no escuro que nos engole: eis um livro que aponta diretamente aos limites do bem e do mal.
Os elogios da crítica:
«Entre a autobiografia e a ficção, o mundo da memória aí está, neste Leme, a avançar por entre relatos fortes e violentos, mas também a avançar com súbitas delicadezas, e sempre com o mar ao fundo, que, por vezes, por breves instantes, parece acalmar o tumulto daqueles dias. O relato de uma criança que vai crescendo, tentando resistir àquilo que a rodeia; resistir e crescer. Uma certa forma de reportagem literária onde o que é reportado, com a subjetividade humana, é o que está mais próximo: o mundo da casa e da memória.» Gonçalo M. Tavares