«Quem queira […] entender melhor o mundo tome estas linhas como uma lição. O que me faz pensar que posso ensinar algo a alguém? A decrepitude. A circunspeção. A sabedoria. E a visão muito próxima da inevitável morte. Mas também o ter vivido em dois mundos muito diferentes. Diferentes no clima, nos humores, nas pessoas, nas belezas. Da viagem de ida por mares revoltos ao caminho de volta, lindo e suave, feliz e solitário, por vezes desesperantemente lento, a compasso de mulas e cavalos cansados, por caminhos pedregosos. Da pobreza e da penúria do reino de Portugal à riqueza ofuscante do reino de Inglaterra. […] De tudo vivi. De tudo quero falar. Do riso, do sofrimento e da alegria, da fraqueza e da força. Da saudade e da solidão maior e mais aflitiva, mas também da paixão e da amizade mais profunda e duradoura. Da vida e da morte.»