Era uma vez um jovem empresário português que estava à beira da falência. Decidiu sentar-se diante da sua máquina de escrever a fim de engendrar um crime impossível. Às 23h30 finalizou as quatro páginas do documento que faria dele, no prazo de um ano, o homem mais rico de Portugal. Tinha, então, 28 anos de idade. Em novembro de 1924, Artur Virgílio Alves Reis, ou Alves dos Reis, como era mais conhecido, provocou o maior crime financeiro da História de Portugal. Sem recursos, exceto ousadia e audácia, adquiriu o poder de imprimir o dinheiro do seu país.
O que parecia um plano com pouca eficácia de um homem com muita imaginação, acabou por causar problemas macroeconómicos inesperados. Desde o grande terramoto de 1755 que Portugal não sofria um abalo económico tão profundo. O valor da fraude foi calculado nuns extraordinários 2,6% do PIB da época. Nenhum outro golpe financeiro à escala global chegou sequer próximo desse porte. Tudo começou de forma simples, com uma falsificação que escalou descontroladamente - Alves dos Reis formou e capitalizou um banco, o Angola e Metrópole, através do qual a vilania se foi desdobrando e multiplicando, a tal ponto que esteve perto de nunca ter sido descoberta.
Uma história inacreditável sustentada na imaginação fértil dos ignorantes, na segurança dos desinformados e na sorte absurda dos principiantes, que ajudou ao enfraquecimento da democracia e a décadas de ditadura em Portugal. O Homem Que Roubou Portugal do renomado jornalista americano Murray Teigh Bloom, narra a incrível história de Alves dos Reis, desde o momento da elaboração do golpe, até ao julgamento dos réus, em 1930, e que contou, nas audiências finais, com a presença de Fernando Pessoa cujas notas se incluem no final deste livro.