Os Portugueses são, por certo, das criaturas culturalmente mais plásticas que há no mundo. Por isso, com facilidade se encaixam nos mais diversos países, adoptando os costumes dos ambientes de acolhimento mas mantendo ‑se estruturalmente como os da sua terra.
As condições têm permitido evoluir e alcançar posições elevadas em domínios como a ciência, o desporto, as artes e mesmo os negócios, surgindo elementos de elite em numerosos sectores.
Têm falhado, contudo, as relações de arrastamento da massa pelas elites, que assegurariam um movimento de conjunto passível de se reflectir sobre as condições de evolução do grupo, como um todo, e impedissem os retrocessos.
Neste livro passa ‑se em revista os atributos, qualidades e defeitos que estimulam ou atrasam aquele movimento.
«O que fiz foi rever os traços mais corrente‑ mente invocados, para o bem e para o mal, e que caracterizam a nossa forma de estar neste mundo. O lado positivo merece ser aproveitado e reforçado pelos meios que estiverem ao nosso alcance. O lado negativo impõe ‑se que seja contrariado, especialmente porque compromete a nossa justa ambição de figurar no topo ou perto dele, nos indicadores que traduzem o nível de desenvolvimento ou de civilização dos povos. Digo que a aspiração é legítima porque somos um povo antigo, que já viu muito e fez muito e que continua a produzir indivíduos notáveis em numerosos sectores.
Será que estamos condenados ao dito de Sertório que nos considerava demasiado rebeldes para nos deixarmos governar mas também incapazes de nos governarmos?»