Desde o início do período democrático tem existido um consenso em torno do essencial da política externa portuguesa. Porém, esse consenso foi construído em torno de uma realidade de distribuição de poder na Europa que foi profundamente alterada em 1989/1990 com a queda do muro de Berlim e a reunificação alemã e, posteriormente, com uma tentativa de hegemonia da Alemanha, assumida com a crise do Euro de 2010/2011. Este ensaio tem como principal objectivo suscitar o debate acerca da política externa portuguesa e pensar qual é a melhor estratégia de inserção internacional do país nos dias de hoje. A proposta aqui defendida é a de um regresso à fórmula clássica da dupla aliança: com a maior potência europeia, a Alemanha, e com a maior potência marítima e atlântica, os Estados Unidos. Esta dupla aliança deve ter como mecanismo de compensação a Lusofonia, sobretudo se entendida numa nova concepção de um Atlântico unido, agregando duas potências ascendentes de língua portuguesa: Angola e o Brasil.