Do autor do celebrado Deus Pátria Família, um romance arrojado sobre o período mais revolucionário da história portuguesa contemporânea.
«Esquerda, direita, revoluções, ditaduras? Tudo passa. As ideologias são como os cortes de cabelo, mudam consoante as modas. Mas há uma coisa que permanece. O caráter. Só o caráter te previne de ser um pulha ou um oportunista em nome de uma ideia.»
Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos. O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso.
Revolução acompanha a família Storm, do desmoronar do império ao despertar da democracia, ao longo dos rocambolescos, violentos e excessivos meses do PREC, quando a esperança e o medo dividem os portugueses, separando filhos e pais, colocando irmãos em lados opostos da barricada.
Um romance, a tempos trágico, a tempos cómico, sobre a liberdade e as relações familiares, sobre as escolhas que nos definem e as omissões que nos revelam. Nestas páginas, Hugo Gonçalves — autor nomeado para os prémios Oceanos, Fernando Namora e P.E.N. Clube — cruza os destinos de uma família com a cronologia desenfreada de um país à beira da guerra civil, pintando um fresco magistral de uma época irrepetível da nossa História.
«Já tínhamos lido quase tudo sobre clandestinidade e euforias e sobressaltos do PREC. Estudos, trabalho de arquivo, grandes frescos da efervescência dos dias. Já tínhamos visto quase tudo, lido quase tudo. Encontra este livro o rasgão, a fenda, a passagem secreta? Encontra. […] Aqui não há heróis, mesmo se todos aqueles que se cruzam connosco nestas páginas em algum momento afrontam os deuses e a morte. Esse é o milagre deste livro, ora triste como uma banda sonora feita de chuva ácida, ora sublime como quando nos dá uma lição sobre política a partir do espanto de uma menina a quem o avô deu a ver o Ladrões de Bicicletas.»
Fernando Alves, jornalista
«Palavra após palavra, Revolução evidencia uma unidade coerente, trespassada por uma pulsão dionisíaca, mantendo um contínuo de picos dramáticos conjugados com nós de suspense que perfazemo conteúdo da estrutura do romance. [...] É um prazer ler romances assim.»
Miguel Real, Jornal de Letras
«É possível classificar Revolução como um romance histórico, na esteira de autores como Hillary Mantel, Pat Barker e mesmo Tolstói. […] O autor evita a parcialidade e o maniqueísmo. É um observador atento e perspicaz da alma humana, das suas ambições, desvarios, desilusões e anseios, e esforça-se por manter uma certa depuração ideológica que permite ao leitor uma visão mais ampla e distanciada dos acontecimentos.»
Helena Vasconcelos, Público
«Uma odisseia familiar, cheia de contradições e diferentes experiências da liberdade, num retrato literário inédito.»
Luís Ricardo Duarte, Jornal de Letras
«Estamos perante um grande romance. Desses que sobreviverão ao passar das décadas, para se tornarem referência, pela robustez do enredo, pelo retrato de uma época, pela credibilidade das personagens.»
Álvaro Curia, Literacidades