Uma reflexão pessoal sobre a vida moderna. Um conjunto de notas sobre o quotidiano de uma mulher na cidade de Lisboa. Um diário geográfico, afetivo e fragmentário, que nos conduz a um território simultaneamente íntimo e público.
«Sempre gostei de guardar postais de lugares próximos de mim, mais do que de lugares distantes. Tenho em casa, por exemplo, um postal de uma das ruas onde vivi em Lisboa, logo após o regresso de Londres. Não é uma recordação:é uma nota a mim mesma para me lembrar do quanto viajei para quase não sair do lugar.»
Em Terceiro andar sem elevador, Susana Moreira Marques é autora e, ao mesmo tempo, personagem de uma história que se conta em episódios sem sucessão previsível. Estas «Notas de Lisboa» encadeiam-se a partir da relação de uma mulher com a cidade onde vive, mas ramificam-se pelos lugares que essa mulher habitou: lugares que são geografias, mas também desejos,desencontros, livros, noites de festa, uma criança que cresce, um amor que acaba, uma recordação que parecia perdida.
Mais do que a narrativa do quotidiano num bairro lisboeta, este é um livro sobre o tempo moderno — o que se vislumbra num ecrã digital ou de uma janela de sacada. A escrita fragmentária espelha, contra-intuitivamente, uma ideia de literatura que parte do real e do particular, para se transfigurar numa hipótese, num modo possível de vida em liberdade.
Os elogios da crítica:
«Construída de observações e intuições, num rigoroso mosaico fragmentado, revelando por detrás da aparente banalidade do quotidiano vislumbres a que só a literatura sabe dar sentido, a obra literária de Susana Moreira Marques merece sem cerimónias que roubemos para lho oferecer um belíssimo título de Roland Barthes: esta é uma escrita feita de fragmentos de um discurso amoroso.»
Carlos Vaz Marques
«A partir do seu terceiro andar sem elevador, [...] a autora acumula 'notas' e recados para si mesma [...], conjuntos de miniaturas que não são esboços de textos por vir, antes a própria matéria de um pensamento em fluxo, fragmentário e descontínuo, capaz de deixar ideias a pairar como a poeira em suspensão que os ventos trazem, de vez em quando, do maior deserto do mundo.»
José Mário Silva, Expresso
«Quase como notas de um diário, estes pequenos textos são retratos de instantes vividos na cidade, pequenos ensaios, memórias, reflexões e também curiosidades da vida nas cidades, por alguém que já viveu em várias — Matosinhos, Nova Iorque, Londres ou Amesterdão — e habita há mais de uma década 'terceiros andares, todos eles, claro, sem elevador'.»
Isabel Coutinho, Público
«Este não é um livro sobre Lisboa, nem uma daquelas deambulações pela urbe à procura de a ver transformar-se num postal privado. [...] É um livro musical, umas vezes sinfónico, outras mais comedido na quantidade de instrumentos. Não se trata de forçar metáforas: o modo como a autora desenvolve o tema de cada capítulo tem semelhança com esse labor, mais fuga do que variação, partindo de um mote e levando-o para outras paragens, ângulos inesperados, ritmos que tanto nos conduzem a outras cidades e paísescomo à infância, à vida dos que nos antecederam, ao quotidiano dos que dividem a cidade connosco.»
Sara Figueiredo Costa
«Das janelas no seu terceiro andar sem elevador, Susana Moreira Marques avista Lisboa do alto, como um pássaro a planar, ao mesmo tempo imóvel e em movimento. O voo sem bater de asas é a metáfora do olhar atento da cronista, uma flâneur discreta, a circular sem fazer ruídos, para assim ver sem ser vista. Sem ser vista, mas para ser lida.»
Álvaro Filho, A Mensagem