Castelo Branco, Camilo

CAMILO FERREIRA BOTELHO CASTELO BRANCO nasceu em 1825, em Lisboa. Aos dois anos ficou órfão de mãe e, sete anos depois, morreu-lhe o pai. Educado por uma tia paterna em Vila Real, casou aos 16 com Joaquina Pereira, enviuvando poucos anos depois. Inscreveu-se em Medicina, em 1844, no entanto, abandonou o curso pouco depois para se dedicar à escrita e ao jornalismo, atividades que abraçou com a paixão e intensidade que depositou em todos os domínios da sua vida. Em 1851 publicou Anátema, o seu primeiro romance, e, ao mesmo tempo que consolidava o seu nome no jornalismo nacional, escreveu vários outros romances e envolveu-se em inúmeras polémicas. No ano em que publicou Onde está a felicidade?, 1856, iniciou o relacionamento com Ana Plácido, casada à altura, pelo qual haveriam ambos de cumprir pena no cárcere por adultério.

Em 1858 foi eleito sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa e, em 1864, mudou-se para a hoje famosa quinta de São Miguel de Seide, onde escreverá as suas obras-primas. O génio literário de Camilo, bem como o ritmo a que escrevia, dificilmente tem paralelo na história da literatura portuguesa. Entre 1861 e 1882 dá ao prelo alguns dos romances e novelas mais marcantes da literatura portuguesa: O Romance dum Homem Rico em 1861, Amor de Perdição em 1862; A queda dum anjo em 1865, Novelas do Minho entre 1875 e 1877, Eusébio Macário em 1879 e A brasileira de Prazins em 1882.

Escritor profissional, porventura o primeiro na história de Portugal a viver da escrita, sofreu um golpe do destino particularmente cruel quando os problemas de visão de que padecia se agravaram, cegando-o. A 1 de Junho de 1890, num ato de desespero, suicidou-se, com um tiro de revólver, o expoente máximo do romantismo em Portugal. De rara versatilidade e extrema sensibilidade, a obra de Camilo, que se estende do romance à novela, do teatro à poesia, das cartas à crónica, da crítica à tradução, marcaria toda a literatura que se produziria daí para a frente pela sua fina ironia e sarcasmo, fruto de uma capacidade de observação ímpar e de um espírito crítico implacável, bem como pelo seu absoluto domínio da língua portuguesa, que moldava de forma espontânea e inventiva para criar alguns dos enredos mais apaixonantes e sublimes que ainda hoje lemos. Um autor essencial da literatura em língua portuguesa.