Fénelon, Fania

Fania Fénelon (1918–1983) formou-se no Conservatório de Música de Paris, com uma estreia em piano em 1934. Foi uma pianista e cantora francesa. Durante a Segunda Guerra Mundial, contrabandeou informações para a Resistência, antes de ser presa pelos nazis, em 1943. As suas experiências em Auschwitz narram a mistura de sofrimento e solidariedade que constituiu o seu quotidiano como prisioneira num campo de extermínio. A vida de Fania no campo de Auschwitz incorporou a junção de uma das mais nobres criações intelectuais da humanidade — a música — com os horrores quase inconcebíveis do Holocausto. Fénelon experimentava a cada dia essa bizarra incongruência de beleza e crueldade, como uma prisioneira cuja própria existência dependia das suas atuações, mantendo assim entretidos os seus captores. Apresentou-se em recitais um pouco por toda a Europa, incluindo sempre no seu repertório uma canção que, fazia questão de dizer ao seu público, aprendera em Auschwitz. Nas décadas de 1960 e 1970, quando o sinal de uma onda crescente de neonazismo ameaçou uma geração de jovens na Alemanha Ocidental com pouco ou nenhum conhecimento dos horrores do genocídio nazi, Fénelon finalmente encontrou motivação para escrever a sua autobiografia: um alerta para as novas gerações. A sua obra foi publicada em diversos países e adaptada ao cinema por Arthur Miller, num retrato poderoso e realista que se tornou uma referência no registo do Holocausto."